Quando teremos uma regulamentação sobre isto? E qual o papel de grandes empresas em relação a este problema?
Durante a transmissão das corridas do Mundial de MotoGP (SporTV), do Mundial de Superbike (ESPN+) e em programas voltados aos esportes a motor, como é o caso do Supermotor, no canal por assinatura BandSports, é recorrente a seguinte pergunta: Por que não temos um autódromo para trazer competições internacionais de motovelocidade ao Brasil?
O público geralmente está focado nesta pergunta, mas se esquece de outra que poderia realmente fomentar a vinda dessas competições para o solo pátrio:
Por que um país sem recursos como o Brasil insiste em fazer dois campeonatos de motovelocidade?
Para os dirigentes dos atuais campeonatos de motovelocidade em vigência no Brasil, Sr. Bruno Corano (SuperBike Brasil) e Sr. Firmo Henrique Alves (CBM – Brasileiro de Motovelocidade), coloco a seguinte questão… se para nós jornalistas, que somos OBRIGADOS a nos informar sobre estas competições (calendários / programação / pilotos / patrocinadores / serviços) já é difícil entender quando e como as corridas vão acontecer, imagine para o público em geral, cuja sua grande maioria é feita de expectadores que de certa forma são até “românticos” no entendimento do tema.
A verdade é que o PÚBLICO EM GERAL não entende como em um país de autódromos sucateados ou sem estrutura como o Brasil sejam realizados dois campeonatos de motovelocidade, e o pior, com um canibalizando o outro. Há pouco tempo tivemos o Sr. Firmo Henrique Alves, que é o Presidente da Confederação Brasileira de Motociclismo (CBM), desmentindo, via rede social e outros canais, o “dirigente de um campeonato privado” (quem será???), afirmando que o campeonato empresariado por este “organizador” não é o Brasileiro de Motovelocidade porque não é homologado pela Federação Internacional de Motociclismo (FIM).
Ora meus amigos amantes do motociclismo e dirigentes “iluminados”, voltamos a afirmar que isso gera uma enorme confusão na cabeça do pobre telespectador ou do internauta, uma vez que estas pessoas só estão ali para curtirem as corridas e aproveitarem as disputas como o entretenimento que elas se propõem a ser e que são a razão de elas existirem. Por isso, vamos a explicação novamente:
SuperBike Brasil – Campeonato de Motovelocidade administrado por uma empresa que se encarrega de toda a estrutura das corridas (calendários / programação / pilotos / patrocinadores / serviços), mas que não está alinhada com a CBM e por isso não é reconhecido pela entidade como Campeonato Brasileiro de Motovelocidade, porque não é homologado pela FIM.
Campeonato Brasileiro de Motovelocidade – Competição recriada neste ano de 2018 para ser o Campeonato Brasileiro oficial da categoria, mas que possui uma estrutura de investimentos (patrocínio e outras verbas) bem inferior em relação ao SuperBike Brasil. Inclusive, vale salientar que o Campeonato Brasileiro de Motovelocidade não foi realizado nos anos de 2016 e 2017, por isso os principais pilotos da modalidade e grandes nomes do motociclismo nacional preferem participar do campeonato que não é homologado pela Confederação Brasileira de Motociclismo, pois acham o SuperBike Brasil mais estruturado em termos de aporte de investimentos, apesar do histórico não favorável de acidentes fatais.
“Grandes nomes do Motociclismo Nacional”… todos se lembram do Alex Barros, nosso único piloto a disputar (com chances reais de competitividade) a classe rainha MotoGP, e do jovem Eric Granado, que conquistou um importante título na Europa e atualmente disputa o Mundial de Motovelocidade na categoria Moto2. Curiosamente, esses dois pilotos, apesar da grande diferença de idade, disputam a mesma categoria no SuperBike Brasil, a classe SuperBike Pro, mostrando que em matéria de competição realizada no Brasil, praticamente, “pode tudo”, fato que cria mais confusão na cabecinha dos telespectadores, dos internautas e dos que vão aos autódromos assistir a esses eventos “estranhos” para dizer o mínimo quando tratamos a coisa pelo prisma do profissionalismo e da evolução de competitividade.
Já no Brasileiro de Motovelocidade, a questão é outra: Quem são os pilotos que disputam o Campeonato? A exceção é o grande piloto Danilo Lewis, que participa das duas competições (SuperBike Brasil e Brasileiro de Motovelocidade), apesar da dificuldade de patrocínios. O que o público em geral precisa PEDIR (usem as redes sociais #motogpnosportv / #superbikenaespn / #supermotor), antes de qualquer autódromo ou de uma etapa da MotoGP em solo nacional, é que se realizem competições de verdade e não esses “circos” que tratam a “plateia” como “crianças intrigadas pelo mágico ilusionista do picadeiro”, sem entender direito como o “Circo” funciona.
Agora, vem a outra questão: Quando teremos uma regulamentação sobre isto e qual o papel das grandes empresas (patrocinadores) em relação a este problema?
Bom, para respondermos essas perguntas, trataremos do tema em duas partes: a primeira é que uma regulamentação está longe de ser tratada, pois o Sr. Firmo quer homologar certas competições, mas os dirigentes das empresas não querem repartir o “bolo” dos patrocínios e investimentos com a CBM, criando assim uma “trava financeira” que apenas acirra os ânimos e fomenta o canibalismo das duas competições.
Por outro lado, as empresas patrocinadoras só estão preocupadas com seus interesses, e não estamos aqui dizendo que isso é errado, pois quando investimos em publicidade e patrocínio é para obtermos uma coisa chamada lucro e aumentar nossa fatia de mercado. Sendo assim, vamos ao cerne da questão e tomar como exemplo a Honda, uma das maiores (senão a maior) patrocinadora do SuperBike Brasil.
Por que o Eric Granado, que é o piloto oficial da Honda, só corre no SuperBike Brasil? Ele só corre no SuperBike Brasil porque este campeonato é mais organizado e mais robusto que o atual Brasileiro de Motovelocidade, que carece de investimentos. Sendo assim, o Eric Granado, que lidera a classificação do SuperBike Brasil, prefere disputar uma competição que gera mais visibilidade, pois a maioria das corridas são realizadas em Interlagos, com arquibancadas cheias e todo aquele “fervo” que o público gosta de ver, ou seja… a marca Honda ganha muito mais visibilidade no SuperBike Brasil do que no Brasileiro de Motovelocidade. Só que existe um detalhe importante: Mesmo que o Eric Granado venha a ser Campeão na classe que disputa, ele NÃO será Campeão Brasileiro, pois a FIM NÃO reconhece NEM homologa o SuperBike Brasil como o certame oficial de motovelocidade do país.
Só aqui vocês verão esse tipo de esclarecimento, pois o Moto Channel Brazil é um canal independente e não precisa do dinheiro dos patrocinadores, pois temos investimentos e receitas próprias, já os outros veículos não tocam nesse “vespeiro” porque podem ficar sem a verba e sem a grana das empresas anunciantes. Só que eles se esquecem de um pequeno detalhe: O telespectador ou o internauta é que COMPRA PRODUTOS E SERVIÇOS E NÃO PODE MAIS SER FEITO DE IDIOTA.
Nós do MCB, após apurarmos mais uma vez que não há consenso (nem bom senso) sobre a motovelocidade no Brasil decidimos não dar matérias mais este ano sobre esses campeonatos, pois não compactuamos com essa política canibal que faz os amantes do motociclismo de bobos, sem saber o que realmente importa por trás dos bastidores do motociclismo nacional.
Quando tivermos um campeonato sério e reconhecido, com regulamentos que não são alterados ao longo da competição, com calendário bem definido e com autódromos de qualidade e estrutura para receber o público com conforto, sem que eles vejam pilotos colidindo com muros de concreto a 200 km/h, aí sim voltaremos a dar ênfase à motovelocidade nacional, do contrário que fiquem brincando de corrida, com seus “ilusionistas” jogando fumaça no rosto do público mais uma vez.
Por Rubens Junior, em 06/07/2018
2 Comments
Giovani Chiossi
8 de julho de 2018 at 14:03Texto forte e pesado, mas com muita clareza e muito correto.
Caroline Coimbra
15 de julho de 2018 at 12:06Muito prazer,
Sou Caroline esposa do piloto Rogerio Munuera Fernandes , falecido em Interlagos (SP) dia 24/06/2018
Vou deixar um relato para contar a realidade e minha experiência do Motociclismo no Brasil
Como é sabido pelos pilotos e por todos q participam do Motociclismo no Brasil, Interlagos é uma pista “ adaptada” para moto GP e que Não pussui a autorização pela FIM ( federação internacional de Automobilismo)
Acompanhei algumas corridas profissionais fora do Brasil e pude observar a diferença das pistas construidas pars Motociclismo na Europa
São pistas com largas áreas de escape, sem cones e com air fance, completamente diferente de Interlagos
Mas aqui existe um evento chamado Super Bike q promove e possuem autorização para realizar as corridas em Interlagos , onde para participar o piloto assina um termo que ( resumindo) está ciente dos riscos e isenta o Super Bike de qualquer responsabilidade
Pois isso sabido… o show continua…
No último dia 24/6/2018 eu assistia meu esposo durante a corrida , por algum motivo ainda inexplicado, ele passa reto na reta dos boxes e não entra no “ S” do Senna , tenta se livrar da moto e rolar… pois ele eola rm cima d um corredor de muro d concreto e cones… sofre politraumatismo e é socorrido… imediatamente fui para o posto médico onde já fui informado da gravidade do estado dele… lembro me de ter perdido as forças bas pernas e me apoiei na parede pelo desespero
A equipe médica ne informou rapidamente q ele estava inconciente e com fraturas nas vértebras, baixa pulsação e batimentos cardíacos… ele já estava morrendo ali…
Parentes e amigos correram desesperados para o posto de saúde…
E o evento?
O evento continuou normalmente, não teve nem bandeira vermelha enquanto um piloto morria ali… aliás, teve ve podium , teve troféu, e teve comemoração
Foi chamado o helicóptero do Águia segundo eles, mas não chegou e o piloto depois de uma meia hora foi levado rm uma ambulância normal ( o ideal seria ter uma UTI móvel) pars o hospital do grajau , falecendo um pouco depois
O Super Bike até agora não procurou família, amigos e parentes, não deu a menor satisfação e ou explicação do motivo da morte do piloto num evento sobre responsabilidade deles…
Eu, a família e amigos estamos devastados emocionalmente, ainda me culpo por permitir q a pessoa q eu amo se arriscasse no Motociclismo…
Enquanto isso o super bike deve estar preocupado com a venda dos ingressos e inscrições dos pilotos para próxima temporada …
The show must go on não é verdade??