Primeira prova do campeonato de motos clássicas realizada fora da Europa contou com disputas emocionantes e com a presença de pilotos brasileiros ilustres.
Duas provas muito disputadas proporcionaram grandes emoções ao público que compareceu neste domingo (23/10) ao autódromo de Goiânia para a última etapa do International Classic Grand Prix (ICGP), o campeonato mundial para motos de GP clássicas. O francês Jean-Paul Lecointe (#6) confirmou a pole position obtida nos treinos e venceu as duas provas na categoria 350, enquanto o belga Yves Hecq (#44) foi o melhor da 250 nas duas corridas. Entre os brasileiros, o grande destaque foi Leandro Mello (#9), que além de piloto é apresentador do programa “Auto Esporte”, da Rede Globo. Leandro obteve dois segundos lugares na 350, chegando a liderar as duas corridas.
Lecointe precisou brigar com pelo menos três pilotos pela liderança durante a maior parte do tempo. Na primeira prova, iniciada às 11:40, seus adversários foram Yves Hecq e Leandro Mello, com quem trocou várias vezes de posição. Somente nas voltas finais Lecointe abriu uma certa distância em relação aos adversários. Hecq recebeu a bandeirada em segundo lugar (primeiro na 250) e Mello em terceiro, à frente de Serge Guillermin e André Gouin. O carioca Othon Russo, que surpreendeu nos treinos com sua Yamaha TZ “resgatada” de sua oficina após 30 anos, voltou a causar boa impressão: terminou em sexto (quarto na 350) depois de várias voltas brigando pela colocação com o francês Eric Saul e o brasileiro Bob Keller. Saul e Keller ficaram em segundo e terceiro lugares na 250.
Às 15:30, as motos voltaram ao grid para a largada da prova 2. Desta vez, a briga pela vitória teve a participação de quatro pilotos. Além de Lecointe, Hecq e Mello, entrou na briga o alemão Stefan Tennstädt, que levou um tombo na primeira volta da primeira corrida após uma leve colisão com o francês Serge Guillermin. Os quatro pilotos andaram juntos durante a maior parte da prova, até que as posições se definissem com Lecointe à frente de Hecq, Tennstädt e Mello. Por categorias, Lecointe venceu a 350 à frente de Mello e de Jean Dondaine; na 250, subiram ao pódio Hecq, Tennstädt e o ídolo goiano Roberto Boettcher, um dos grandes pilotos brasileiros da década de 1970 no motocross e na motovelocidade.
Lecointe explicou sua estratégia para as duas corridas: “Estava muito calor e eu fiquei preocupado com o desgaste da moto”, explicou após a corrida. “Preferi poupar a máquina no começo e só depois andar mais rápido.” Seu plano mostrou-se absolutamente adequado, não apenas pelas duas vitórias mas também pelo fato de a segunda corrida ter tido um número mais alto de abandonos por falhas mecânicas. Entre as vítimas estiveram os brasileiros Bob Keller, que poderia ter repetido o terceiro lugar na categoria 250, e Othon Russo, que poderia ter brigado por essa mesma colocação na 350.
Yves Hecq, vencedor da 250, estava particularmente feliz por ter solucionado os problemas de sua moto, que o impediram de obter um bom tempo nos treinos classificatórios de sábado. Como todos os outros pilotos, Hecq gostou muito de correr no Brasil. “A pista de Goiânia é ótima e as pessoas são muito simpáticas”, elogiou.
Leandro Mello, segundo colocado na 350 nas duas provas, era um dos mais felizes com o resultado: “Foi a realização de um sonho. Eu sabia que poderia ir bem porque já corri em Goiânia, mas uma moto de dois tempos requer uma pilotagem muito diferente daquilo que estou acostumado. A moto estava muito boa e foi emocionante ter disputado com pilotos que já foram campeões do ICGP e campeões europeus”. Igualmente “nas nuvens” estava Othon Russo, quarto na 350 na prova 1: “Esta moto estava parada há 30 anos e foi montada às pressas para esta corrida. Já fiquei feliz por ter sido convidado a participar do ICGP Brasil. Terminar a primeira corrida, para mim, já foi uma vitória”.
Na 250, o terceiro lugar da primeira corrida ficou com Bob Keller, que ficou satisfeito com a realização do primeiro ICGP Brasil. “A felicidade de todo mundo mostra que o evento foi um sucesso. Esportivamente, só foi uma pena o câmbio ter quebrado na segunda corrida. Daria para conseguir outro terceiro lugar”, lamentou. O goiano Roberto Boettcher, um dos grandes campeões do motocross nacional e único brasileiro a ter disputado uma temporada completa no Campeonato Mundial da modalidade, comemorou muito seu terceiro lugar na segunda prova: “Fazia 40 anos que eu não disputava uma prova de motovelocidade. Ser terceiro em uma prova de campeonato mundial, correndo ‘na minha casa’, é um verdadeiro presente. Só posso agradecer ao Bob Keller, que me convidou para correr. Na segunda prova, percebi que o calor era muito forte e vi vários pilotos abandonando. Preferi poupar o motor para chegar ao final”.
Entre os demais pilotos brasileiros inscritos no ICGP Brasil, Milton “Cigano” Adib conseguiu o sexto lugar na categoria 350, mas na segunda teve problemas na moto. Alex Machado completou cinco voltas antes de abandonar a primeira volta; na segunda, saiu do box com uma volta de atraso, mas não chegou a completar volta. Outro ídolo goiano, Edmar Ferreira, afastado da motovelocidade desde 1980, participou somente da primeira corrida. Completou duas voltas e recolheu sua Honda aos boxes. Marco Antônio Greco e Sidnei Scigliano não largaram em nenhuma corrida devido a problemas nas motos.
ICGP Brasil, prova 1 (12 voltas em 20:51.945)
Categoria 350: 1) 6-Jean-Paul Lecointe (França), Yamaha TZ G 350; 2) 9-Leandro Mello (Brasil), Yamaha TZ E 350; 3) 43-Serge Guillermin (França), Yamaha TZ G 350; 4) 313-Othon “Voador” Russo (Brasil), Bakker Yamaha TZ; 5) 81-Jean Dondaine (França), Yamaha TZ F 350; 6) 58-Milton “Cigano” Adib (Brasil), Bakker Yamaha TZ 350. Não classificado: 8-Alex Machado (Brasil), Yamaha TZ C 350. Não largaram: 4-Marco Antônio Greco (Brasil), Yamaha TZ G 350; 14- Sidnei Scigliano (Brasil), Yamaha TZ G 350.
Categoria 250: 1) 44-Yves Hecq (Bélgica), Armstrong Rotax 250, a 5.014; 2) 3-Eric Saul (França), Chevallier TZ 250; 3) 21-Bob Keller (Brasil), Yamaha TZ L 250; 4) 15-Roberto Boettcher (Brasil), Yamaha TZ H 250; 5) 32-Roy Flower (Inglaterra), Yamaha TZ L 250. Não classificado: 18-Stefan Tenndstädt (Alemanha), Bakker Rotax 250.
Categorias YC250 e HC: 1) 5-André Gouin (França), Yamaha TZ A YC250. Não classificado: 13-Edmar Ferreira (Brasil), Honda Bakker 500
ICGP Brasil, prova 2 (12 voltas em 20:39.480)
Categoria 350: 1) 6-Jean-Paul Lecointe (França), Yamaha TZ G 350; 2) 9-Leandro Mello (Brasil), Yamaha TZ E 350; 3) 81-Jean Dondaine (França), Yamaha TZ F 350. Não classificados: 43-Serge Guillermin (França), Yamaha TZ G 350; 58-Milton “Cigano” Adib (Brasil), Bakker Yamaha TZ 350; 313-Othon “Voador” Russo (Brasil), Bakker Yamaha TZ; 8-Alex Machado (Brasil), Yamaha TZ C 350. Não largaram: 4-Marco Antônio Greco (Brasil), Yamaha TZ G 350; 14- Sidnei Scigliano (Brasil), Yamaha TZ G 350.
Categoria 250: 1) 44-Yves Hecq (Bélgica), Armstrong Rotax 250, a 5.014; 2) 18-Stefan Tenndstädt (Alemanha), Bakker Rotax 250; 3) 15-Roberto Boettcher (Brasil), Yamaha TZ H 250. Não classificados: 21-Bob Keller (Brasil), Yamaha TZ L 250; 3-Eric Saul (França), Chevallier TZ 250. Não largou: 32-Roy Flower (Inglaterra), Yamaha TZ L 250.
Categorias YC250 e HC: 5-André Gouin (França), Yamaha TZ A YC250. Não largou: 13-Edmar Ferreira (Brasil), Honda Bakker 500
Vamos torcer para ano que vem ter mais!
Fonte: LetraNova Comunicação
Fotos: Divulgação/ICGP Brasil
Por Editoria MCB, em 23/10/2016
1 Comment
Ralf
24 de outubro de 2016 at 10:17Parabéns a todos!! Que se repita no próximo ano.